Resumo: Esta pesquisa tem o propósito de oportunizar reflexões acerca dos desafios sociais enfrentados por mulheres provedoras de família em tratamento de câncer de mama e colo do útero nos hospitais oncológicos públicos de Belém/PA. Para isso, pretende-se caracterizar sobre as mudanças ocorridas nos diferentes arranjos familiares, visto que existem distintas realidades que influenciam à construção desses arranjos para além do modelo tradicional burguês (formado por pai/provedor, mãe/responsável pelo cuidado com a família e filhos), com destaque para o modelo no qual a mulher é provedora de família. Refletir sobre os fatores históricos que marcaram a formação deste modelo, e a chamada feminização da pobreza. Discutir sobre determinantes que influenciam na falta de acesso as ações e serviços de saúde, assim como sobre a associação da mulher ao cuidado ou feminização do cuidado. Nesse sentido, utilizando a perspectiva interseccional de compreensão, ou seja, abordagem que considera múltiplos determinantes e o seu cruzamento para compreender a realidade das mulheres, sobretudo das mulheres negras. Este estudo buscou identificar quais são os desafios que as mulheres enfrentam diante de um contexto de desigualdade social, gênero, classe e racial para obter o diagnóstico e tratamento de câncer de mama e colo do útero, bem como descrever o acolhimento social realizado pelos profissionais de Serviço Social, na percepção das mulheres atendidas no intento de identificar possíveis fragilidades e para melhoria dos atendimentos. O Estudo é de cunho qualitativo, duas técnicas principais foram utilizadas na coleta dos dados: análise documental de fichas sociais e entrevista semiestruturada realizada com 36 mulheres em tratamento de câncer de mama e colo do útero na UNACON/HHUJBB no mês de outubro de 2023. Nas entrevistas realizadas, interessa-nos sobretudo, as narrativas sobre as dificuldades sociais atravessadas durante o tratamento, bem como sobre as dificuldades de acesso à rede de assistência oncológica. Os resultados obtidos demonstram o perfil socioeconômico dessas mulheres, dificuldades financeiras a respeito dos custos com a manutenção da casa e oriundos do tratamento com alimentação e transporte, rede de suporte limitada e inseguranças em relação a doença. Ademais, a demora para o diagnóstico, início de tratamento e a necessidade de busca pela rede privada para realização de exames como tentativa de agilizar o fluxo de acesso ao tratamento.